Florianópolis é a única cidade lixo zero do Brasil

  • 10/01/2025
(Foto: Reprodução)
O município estabeleceu, por decreto, prazo de 2030 para deixar de levar aos aterros de lixo 90% de toda a matéria orgânica da cidade e 60% de todo material reciclável. Florianópolis é a única cidade lixo zero do Brasil A maioria das coisas que jogamos na lixeira tem utilidade. Quando essa percepção se torna uma política pública, temos o conceito de lixo zero, que já inspira cidades pelo mundo. Na última reportagem sobre reciclagem, André Trigueiro mostra o exemplo da cidade brasileira que pôs essa ideia em prática. Já pensou viver em um mundo onde houvesse cada vez menos lixo? Um mundo lixo zero? A capital de Santa Catarina levou a sério essa história. Florianópolis tornou-se, em 2018, a primeira cidade lixo zero do Brasil. Até hoje é a única. O município estabeleceu, por decreto, o prazo de 2030 para deixar de levar aos aterros de lixo 90% de toda a matéria orgânica da cidade e 60% de todo material reciclável. “A meta é ousada, né? Convenhamos que a meta é ousada. A gente já está na fração orgânica, 40%. A meta é 90%. Os secos, a gente já está com 35%. A meta é 60%. Logicamente que é uma cadeia. Não depende só da gestão, não depende só da equipe técnica, não depende só das pessoas. É um conjunto”, afirma Ulisses Laureano Bianchini, superintendente de gestão de resíduos. O projeto lixo zero depende muito da ajuda dos condomínios. Em um deles, nada escapa ao olhar atento da síndica. “Nós temos 100% das unidades participando do projeto; 100%. Quando um morador novo chega ao nosso condomínio, eu dou felicidades: ‘Você vai morar no melhor lugar de Florianópolis. Porém, eu preciso te apresentar a nossa lixeira’”, conta a administradora do condomínio Aretuza Fernandes Basso. Aretuza transformou a lixeira do condomínio em uma central de resíduos completa. Aretuza Basso, administradora do condomínio: Tampas plásticas são encaminhadas para uma instituição que faz castração de animais. André Trigueiro, repórter: Óleo de cozinha, morador separa e vem para esse recipiente. Aretuza Basso: Aí quando ele está cheio, eu aviso a empresa, que vem aqui fazer a coleta. Ela reverte isso em produtos de limpeza para o condomínio. LEIA TAMBÉM Meio ambiente: veja informações sobre reciclagem, compostagem e lixo zero Lixeira de condomínio e Florianópolis foi transformada em uma central de resíduos completa Jornal Nacional/ Reprodução Tudo o que é separado pelos moradores é levado pela prefeitura. Há também pontos de coleta espalhados pelas ruas. O Jornal Nacional foi até um dos 296 pontos de entrega voluntária de vidro espalhados por Florianópolis. O pessoal chega e pode deixar garrafa, copo, prato, o que bem entender, está resolvido. O programa lixo zero consegue coletar, aproximadamente, 150 toneladas de vidro por mês a partir desses pontos. A coleta de vidro é uma das mais bem-sucedidas do Brasil. Embora fácil de reciclar, por ser feito de areia, o vidro representa risco para quem manipula o material. Todo o sistema é mecanizado. Florianópolis: programa lixo zero consegue coletar, aproximadamente, 150 toneladas de vidro por mês a partir de pontos de coleta Jornal Nacional/ Reprodução Existem dez pontos de entrega voluntária de isopor espalhados pela cidade. O Jornal Nacional foi a um deles. Desprezado pela indústria da reciclagem em quase todo o país, o isopor é a matéria-prima mais importante de uma fábrica em Braço do Norte, Santa Catarina. Parte do material coletado vem da capital. "Está chegando mais um caminhão descarregando isopor aqui para uma das unidades de processamento de isopor da fábrica. Aqui, o material é triado, só fica isopor. Arame, papelão que vem junto, papel não podem seguir viagem. Neste galpão, duas máquinas brasileiras, patenteadas pela própria fábrica, fazem o processamento do material, que não é só triturar. Ele precisa estar livre de bolhas de ar, que é o que está em todo isopor. O que sai da máquina é isso daqui”, conta o repórter André Trigueiro. O material é limpo, processado e transformado em rodapés e outros revestimentos. A fábrica descobriu há 20 anos as vantagens de se substituir a madeira pelo isopor. "Produto resistente à umidade, não vai ter cupim. Ele tem uma facilidade de pintura”, diz a superintendente industrial Francisco May. De volta a Florianópolis, a prefeitura instalou uma central de valorização dos resíduos no lugar onde havia um lixão. O projeto lixo zero também se apropria da madeira coletada nas ruas e que vai virar serragem. É muita madeira que vai para um pátio do município, onde também é levada a poda de jardim. Esse material tem muito valor para processamento de adubo orgânico, que é reinserido nas atividades de jardinagem do município. "Hoje, além de remunerar o peso da tonelada, a gente remunera também o responsável técnico. Então, a gente trouxe essa garantia de que o pátio está mesmo funcionando tecnicamente, perfeitamente”, diz Ulisses Laureano Bianchini, superintendente de gestão de resíduos. Outra forma de reduzir volume de lixo é contar com a ajuda das minhocas. Uma das metas do projeto lixo zero é estimular a produção de lixo orgânico dentro de casa, distribuindo gratuitamente composteiras domésticas com minhocas. São quatro caixas acopladas - tem regrinha para alimentar minhoca. Para isso, é preciso fazer um curso. É o que está acontecendo com 27 alunos - 1.640 pessoas já receberam de graça as suas composteiras. Ex-aluno do curso, Renato Figueiredo virou consultor voluntário entre os vizinhos: "Tudo que é orgânico e sai da cozinha, a gente pode colocar para a minhoca se alimentar”, conta. Repórter: Nossa, quanta minhoca tem aqui? Renato Figueiredo: Sim, bastante. E esse pretinho em torno da minhoca é o húmus, que é o produto da compostagem. Esse húmus vai direto para as plantinhas. Repórter: O senhor aqui imagina, pela sua experiência, que está levando quanto tempo para transformar matéria orgânica em húmus como esse daqui? Renato Figueiredo: De duas a três semanas. Repórter: É rápido, muito rápido. É cedo para dizer se todas as metas do projeto lixo zero serão cumpridas até 2030, mas parece que eles estão no caminho certo. "Nós temos uma responsabilidade enorme com os resíduos que eu produzo. Eu tenho filho pequeno e eu preciso que o mundo continue existindo são, saudável, com meio ambiente me dando ar puro todos os dias. Eu tenho essa responsabilidade, é uma obrigação, eu diria. Eu não posso fechar o olho e falar: 'Joguei ali na sua frente. Agora, você se vira'”, diz a administradora do condomínio Aretuza Fernandes Basso. RECICLAGEM Série especial destaca a importância de um ato tão simples para o meio ambiente e para a economia Entenda a importância dos catadores para a preservação do meio ambiente Série do JN mostra como o lixo orgânico pode virar renda e melhorar o meio ambiente

FONTE: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2025/01/10/florianopolis-e-a-unica-cidade-lixo-zero-do-brasil.ghtml


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